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Cesáreas são benéficas para mãe e para o bebê? Como conseguir pelo SUS?

O Brasil ocupa o segundo lugar no mundo em número de cesáreas, com uma taxa de acima de 55% do total de partos.

Da Rede M1 - por Rômulo Muri
02/12/2020 06h31 Atualizado em 02/12/2020 06h31

O Brasil ocupa o segundo lugar no mundo em número de cesáreas, com uma taxa de acima de 55% do total de partos — Foto: Reprodução/Internet

Gestantes devem estar cientes dos riscos e problemas. O Brasil ocupa o segundo lugar no mundo em número de cesáreas, com uma taxa de acima de 55% do total de partos. Na América Latina, região com maior taxa de intervenções (44,3%) do mundo, o país perde somente para a República Dominicana (58,1%), segundo estudo de 2018.

Quais são os riscos da cesariana para a criança?
Um estudo da operadora alemã de planos de saúde Barmer mostrou que, na Alemanha, muito poucas mulheres optam pela cesariana por esse parto ser mais fácil de planejar e se encaixar melhor no cronograma. A maioria está preocupada com o bem-estar da criança que vai nascer.


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Elas dizem querer poupar o bebê do estresse de um parto normal. Mas as contrações e o processo do parto são até mesmo bons para o novo terráqueo, ajudando o bebê a adaptar seu metabolismo. No útero, os pulmões da criança estão cheios de água. Esse líquido é pressionado apenas durante o nascimento, e os pulmões passam a respirar.

A cesariana impede esse processo gradual, surpreendendo praticamente a criança com o nascimento e, em certo sentido, assustando-a. Por isso que os bebês costumam ter problemas após uma cesárea e precisam receber oxigênio ou até mesmo ir para a UTI. No longo prazo, o risco de asma, diabetes, alergias e outras doenças autoimunes aumenta em crianças nascidas por partos cesarianos.

'Ditadura do parto normal'
Na contramão de recomendações internacionais, em agosto do ano passado o Brasil viveu uma epidemia de cesáreas com uma taxa de mais de 55% de partos cirúrgicos.

Essa chamada epidemia de cesáreas chegou a ser debatida há anos no Brasil. E um projeto aprovado pela Assembleia Legislativa de São Paulo trouxe à tona novamente a discussão sobre a cesariana no país, que, apesar de ter se tornado um procedimento cotidiano em nascimentos, pode trazer complicações tanto para mães quanto para os bebês.

A comunidade científica ressalta que, quando necessária, a cesárea pode salvar vidas de mães e bebês, porém, se realizada sem recomendação médica, apresenta riscos desnecessários tanto para mãe quanto para o bebê.

Que riscos corre a mãe após uma cesariana?
A cesárea planejada do primeiro filho não é mais um problema em países com um bom sistema de saúde. As dificuldades surgem, geralmente, apenas após a cesariana. O risco de um deslocamento perigoso da placenta aumenta a cada intervenção desse tipo. Posteriormente pode haver também mais sangramentos, tromboses e aderências.

Um parto, caso seja traumático, pode vir a causar TEPT na mãe e até mesmo no pai da criança — Foto: Janko Ferlic/Unsplash

A cada cesariana, o parto se torna mais perigoso para a mãe. Isso é particularmente problemático em regiões onde as mulheres tradicionalmente têm muitos filhos.

Como conseguir parto cesárea pelo SUS

Ao contrário do que muitos ainda acreditam, é possível sim conseguir a aprovação e indicação de um parto cesárea pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

Quando encaminhada para esse método e a realização for pelo SUS, a mulher não precisará pagar nenhum valor pelo mesmo, no entanto, alguns requisitos são exigidos para que aconteça essa liberação.

Requisitos
O principal objetivo de um trabalho de parto é trazer a criança ao mundo de forma segura tanto para o feto quanto para a nova mãe, por isso, o primeiro (e indispensável) passo é a avaliação médica.

Nessa etapa, o profissional de saúde avaliará as condições da dupla e, por meio de suas anotações e dos resultados de exames, indicará qual o mais seguro para o nascimento.

Vale lembrar que, de acordo com os critérios e as normas do SUS, a cesariana só deve ser indicada quando for realmente necessária, pois asseguram que os procedimentos do parto normal são mais seguros, menos invasivos e exibem resultados melhores para a mãe e para o bebê.

O pai pode assistir ao parto de cesárea no SUS?

Sim e essa é uma ótima notícia, não é mesmo? Afinal, tudo o que a gestante mais deseja no momento do parto é olhar para o lado e ver alguém de confiança.

Cientes dessa necessidade e do conforto que essa presença oferece, foi criada até mesmo uma lei, a Lei do Acompanhante, a qual assegura que a gestante pode entrar em trabalho de parto acompanhada pelo pai da criança ou parceiro, pessoa que está autorizada a estar ao seu lado desde o início até o final do procedimento.

Essa alternativa, segundo diversos estudos, fortalece os laços afetivos, proporciona tranquilidade para a gestante, reduz a taxa de depressão pós parto e traz outros inúmeros benefícios já comprovados.

Mas é preciso ficar atento, pois caso esse direito seja negado, a mulher ou a pessoa responsável pode entrar em contato diretamente pelo número 136 e fazer uma denúncia na Ouvidoria do Ministério da Saúde e lutar por esse benefício que chegou para agregar o momento tão sonhado.

A OMS recomenda uma taxa de cesáreas entre 10% e 15%. Em média, isso corresponde ao número de nascimentos em que há complicações que uma cesariana pode eliminar, salvando vidas.

Um estudo da Organização Mundial da Saúde comparou como bebês vêm ao mundo em 137 países. A pesquisa mostrou que apenas 14 dos países analisados atendem às diretrizes da OMS. Entre eles estão, por exemplo, Ucrânia, Namíbia, Guatemala e Arábia Saudita. Em todos os demais países, o bisturi é usado ou com frequência excessiva (por exemplo, na Alemanha, no Egito, na Turquia, nos EUA e no Brasil) ou insuficiente.

Uma das constatações mais dramáticas da pesquisa é que os países com as maiores taxas de natalidade apresentam os menores números de cesarianas. Isso se deve, principalmente, às condições financeiras: os Estados com as menores taxas de cesáreas também estão entre os mais pobres do mundo.


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